A Natureza nos fala através de frases secas,
graciosas, às vezes tortas,
que nos são doadas pelo acaso.
Galharias e troncos sugerem uma sintaxe
e solicitam mão e olho
capazes de traduzir sua estranha escritura,
de torná-los escultura.
Para lidar com essa metamorfose
é preciso harmonia e respeito,
pois se trata de uma mudança de estado
que não apaga o que era,
ao mesmo tempo que provoca o surgimento
de alguma coisa parecida com uma alegoria.

Assim vejo o trabalho de Sônia Lessa
com essas madeiras, esses troncos,
que nos faz ler o que percorre
os interstícios da matéria,
os lugares onde a invenção
rende graça ao imprevisível.

Everardo Norões, dezembro de 2011.